5 de setembro de 2006

Mais uma vez o Caso Mateus

Após uma semana desde que escrevi aqui neste blog sobre este caso do futebol português, muita coisa se passou (embora previsto ou mais do mesmo), mas também perebi melhor as leis e os regulamentos que regem este caso, assim como o próprio.


No entretanto, o que se passou foi a FIFA confirmar que pretende suspender o futebol português (clubes em competições internacionais e selecções), tendo dado o dia 14 de Setembro como data limite para que o caso se solucione.
As pretensões do Leixões não foram ouvidas, tendo sido dado indeferimento ao recurso que o Leixões fez para ser ele quem ficava com o lugar do Gil Vicente, em vez do Belenenses. Este caso tinha poucas bases, principalmente porque os regulamentos estabelecem que, na situação actual do Belenenses, deve ser a equipa que ia descer com melhor classificação a manter-se. Situação semelhante aconteceu na Liga de Honra, quando clubes desistiram. O Leixões não vai recorrer aos tribunais civis, embora ache que o devia fazer. Bem fazem eles, pois para problemas, já chegam os que há com o Gil.
A FPF, após reunião, decidiu que seria mesmo o Gil Vicente quem devia descer, mantendo-se válida a decisão do Conselho de Justiça. Decidiu também invocar utilidade pública para suspender as decisões dos tribunais.
O presidente da FPF reuniu-se com o presidente da Liga, assim como com o Secretário de Estado de Desporto, onde discutiram este caso. Gilberto Madaíl, como presidente da FPF foi convocado para uma reunião na sede da FIFA, onde se reuniu, inclusivé, com o seu presidente, dando conta da situação, ouvindo também a posição da FIFA sobre o caso, e a própria decisão de suspender clubes e selecções portuguesas de competições internacionais.
O Gil Vicente mantém a sua posição, tendo delegado nos sócios reunidos numa Assembleia Geral esta semana, se continua com o caso em tribunal, ou se desistem, evitando possíveis consequências, tais como a suspensão do clube de todas as competições, ou até a própria irradiação do clube de todas as competições. O presidente e a direcção já pensaram em criar um novo clube, que começaria nos Distritais, tentando subir rapidamente às divisões principais.

No que toca à justiça do caso, o próprio Gil Vicente foi vítima de si próprio. É que a origem do caso, o Mateus ter sido inscrito como profissional no Gil, quando tinha sido amador na mesma época no Lixa, poderá ter saído de alguma falta de precaução quando contrataram o Mateus. É que o Lixa tinha feito um contracto de contínuo com o Mateus, estando este a jogar no clube. A partir daí o Gil Vicente recorreu aos tribunais, após receber um fax da FPF que alguns dizem ser dúbio, mas para mim é claro que seria apenas relativamente àquele caso, colocando uma acção no tribunal de Braga, mas como não foi autorizado a inscrever o jogador, disse ao jogador para recorrer ao tribunal do Porto, onde o Mateus foi autorizado a jogar, mas depois o próprio tribunal viu que não tinha competência para julgar o caso.
As trapalhadas começaram aí, e vão até hoje. São o caso dos juízes do Conselho de Disciplina da Liga, que saem do CD, voltam, votam sem quorum, ou quase, etc.

O Gil, quando recentemente recorreu aos tribunais, foi por causa da descida de divisão, não sobre a regularidade da inscrição do Mateus. Em virtude disso, está actualmente suspenso das competições não profissionais pela mão da FPF, ou seja, de todas aquelas em que a federação tem poder.

O presidente do Gil Vicente apareceu numa entrevista na RTP 1 no fim da semana passada onde, além de não responder ao que lhe pediam, nem se calava, e ainda veio com casos antigos para justificar que o Gil é um clube perseguido. Enfim.

Agora a FPF vai invocar o interesse público, baseado no fax da FIFA que suspende os clubes e selecções portugueses das competições internacionais, mas o Gil Vicente diz que não há interesse público. Haja discernimento. Se o futebol em Portugal não é interesse público, o que será? Podemos ir pela auto-estima dos portugueses, presente e futura, dadas as esperanças das selecções portuguesas para as próximas competições, sejam o dinheiro e a economia que o futebol mexem, seja muita coisa. Até seria interessante que não fosse interessa público, até seria bom, mas o que há vê-se.

A meu ver, o Gil Vicente deve descer de divisão, mas não tenho 100% de certezas, já tive mais.

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