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21 de março de 2007

Belmiro de Azevedo

Estive a ler uma entrevista a Belmiro de Azevedo sobre a sua vida, a sua evolução e as suas ideias.

Muitos conhecem a personalidade deste empresário que é o homem mais rico do país, apesar da forma como vive, mas com esta entrevista é possível conhecer a sua forma de vida, o seu pensar, os seus ideais, mas também a sua família ou algumas situações de negócios menos conhecidas, tais como os seus falhanços na entrada na televisão ou na primeira fornada de licenças para redes móveis.

E até como as relações com o estado nem sempre foram fáceis, ou facilitadas.

Eis algumas passagens da entrevista:
"Mas eu era incómodo como o Diabo, não conseguiam pegar-me por nada e portanto teriam que me passar uma rasteira qualquer. Mas eu fui desportista, sei fazer fintas, não me deixo fintar com facilidade."
"Eu nem dividendos recebo. É tudo reinvestido. O salário que ganho chega e sobra para aquilo que preciso. Costumo dizer que a diferença entre o nascer e o morrer é um fatinho e um par de sapatos. (...) Os egípcios é que metiam nos túmulos muitas jóias."

Sugiro que leiam a entrevista completa publicada no Diário Económico e que pode ser consultada seguindo esta hiperligação.

18 de novembro de 2006

Uma vírgula milionária

Esta mensagem é dedicada a todos aqueles que acham que as palavras com ou sem acento são a mesma coisa e/ou que as vírgulas e os sinais de pontuação não servem para nada.

É que uma vírgula mal colocada num contracto entre empresas canadianas pode render 2 milhões de euros a uma das partes.
Pelo que é noticiado, a Bell Aliant autorizou a Rogers Communications a usar as conexões telefónicas daquela. Posteriormente, aquela quis retirar-se do negócio, denunciando o contrato antes dos cinco anos. A cláusula em questão diz o seguinte (em inglês):

This agreement shall be effective from the date it is made and shall continue in force for a period of five (5) years from the date it is made, and thereafter for successive five (5) year terms, unless and until terminated by one year prior notice in writing by either party.
A vírgula dos milhões é a segunda. A Rogers invocou que o contrato teria de vigorar pelo menos cinco anos. A Aliant contrapôs que aquela segunda vírgula não conferia à frase esse entendimento: antes permitia concluir que o contrato poderia ser denunciado antes dos cinco anos de duração, desde que assegurado o pré-aviso de um ano.

Em minha opinião, a Aliant tem razão, e foi o que o regulador canadiano julgou.

A Rogers recorreu da sentença porque afirma que no contracto em francês existe uma afirmação diferente a clarificar o ponto.

Falta saber, e agora fiquei a saber para que servem, o que diz na cláusula sobre a língua que vigora em caso de divergência.

Nota: textos parcialmente copiados e alterados de aspirinab.weblog.com.pt.

26 de setembro de 2006

Prós e contras: Portugal e Espanha!

Estive a ver esta noite o Prós e Contras, como tenho feito habitualmente. O tema era interessante e tinha a participação muito insólita e mediática de José Maria Aznar.

Achei o programa bastante interessante, nomeadamente a participação descontraída e aberta de Aznar, embora por vezes evasiva. Fátima Campos Ferreira, a apresentadora, esteve bastante activa, com alguma convivência com Aznar, tendo colocado questões bastante complicadas para este, tendo-se esquivado em algumas respostas e sido directo noutras. Pode estar destreinado da televisão, mas as "manhas" continuam.
Foi abordado directamente com Aznar o crescimento da Espanha, nomeadamente na economia e no emprego (de 12 milhões em 1976 e em 1996 para 18 milhões de empregados em 2006, ou seja, crescimento 0 em 20 anos e 50% em 10 anos) nos anos em que Aznar foi presidente do Governo espanhol. Um ponto que Aznar frisou foi que tal crescimento, na opinião dele só consegue ter sucesso se o peso do estado na economia diminuir. Não é nada que não tenha sido falado em Portugal. Mas ainda referiu que faltam algumas reformas, como a fiscal.

Outra participação interessante foi a do Director-geral da Seur (creio ser este o cargo). É um homem que mostrou ter conhecimento de diversas áreas das relações económicas entre Portugal e Espanha, tendo falado algum tempo e tendo abordado vários assuntos: desde o peso da banca espanhola em Portugal até à personalidade portuguesa e à forma como os portugueses entram no mercado espanhol e o abordam. Foi abordado o tema da forma como as pessoas se tratam em Espanha e Portugal: tu em Espanha e senhor doutor em Portugal, mas isso não será o problema da expansão.

Manuel Dias Loureiro e Hernâni Lopes foram os outros dois convidados presentes em palco. Tiveram um discurso com um ritmo completamente diferente: o primeiro muito rápido e o segundo muito lento, que deriva das suas personalidades.
Abordaram vários assuntos das relações ibéricas, nomeadamente a relações económicas.

Outra presença foi a do presidente da EDP, onde foi abordada a questão do proteccionismo estatal, que foi abordado com o pretexto da não presença da Iberdrola no conselho superior da EDP, apesar de ter uma presença forte na estrutura accionista da EDP, sendo o segundo maior accionista e o maior privado. Trata-se de uma ausência, por enquanto, motivada em grande parte por alguma pressão política. O proteccionismo existe, sendo que neste caso deve-se ao facto de a Iberdrola ser um gigante da mesma área que a EDP, e o medo que daí advinha de o sector energético português ficar controlado, nem que seja em parte, por uma empresa espanhola, levantando algumas questões de mercado que não são fáceis de resolver. Outro assunto abordado foi o Mibel, o mercado ibérico de energia que, após sucessivos atrasos derivados de mudanças políticas nos 2 países, finalmente arrancou este ano, em Julho.

A forma como as empresas portuguesas partem para Espanha, à procura da expansão, foi outro assunto abordado, com a questão das diferentes Espanhas (Galiza, Catalunha, País Basco, Astúrias, Andaluzia, etc) a ter que ser pensada, ou não, mas o problema de gestão da expansão tem que se manter, pois qualquer mercado é complicado.

A questão burocrática, pela forma como certos procedimentos administrativos legais são lentos em Portugal, mas rápidos em Espanha. Isso pode ser um impedimento no arranque, mas depois torna-se num obstáculo que ficou para trás e foi ultrapassado.

As oportunidades de crescimento surgiram em Portugal e na Espanha em alturas semelhantes, derivadas da adesão à União Europeia. A história dos dois países tem muito tempo, embora Portugal seja o país europeu com fronteiras mais estáveis, e está muito ligada e feita em paralelo: descobrimentos, império e sua queda, ditadura fascista, união europeia e moeda comum. Agora poderá haver uma união económica, com empresas dos 2 países a expandirem-se pelo mercado ibérico e a fazerem sinergias para se expandirem para outros mercados, onde a sua união pode ajudar a que ambos vinguem.

Outra questão colocada foi o porquê de muitas PMEs espanholas estarem a ir embora de cá, mas as grandes empresas conseguem manter-se.

Hernâni Lopes abordou uma questão muito importante a resolver e ultrapassar na forma como os portugueses não arriscam quando se expandem, ou quando fazem negócios em geral.


Foi um grande debate, quer pelos convidados, quer pelo tema, quer pela abordagem.

7 de fevereiro de 2006

David compra o Golias

O Belmiro de Azevedo, ou está maluco, ou está a fazer o negócio de uma vida.

É que, para os mais distraídos, a Sonae SGPS lançou uma OPA sobre a totalidade da Portugal Telecom SGPS (a 9,5€ cada acção), e outra sobre a PT Multimédia SGPS (9,03€ cada), sob algumas condicionantes, tais como a aquisição de 50,01% do capital da PT, ou a alteração dos estatutos da Pt por forma a eliminar o Golden Share do Estado português na PT. Isto corresponde a uma empresa 5 vezes mais pequena comprar outra. Para quem não sabe, a Sonae detém a Optimus, a Clix, a Novis, e isto para falar apenas do mercado em que a PT se encontra, porque a Sonae detém empresas como a Continente, o Modelo, alguns centros comerciais, e a sua origem de negócios originais ainda se mantêm e envolvem a área da indústria.

Isto levou a que os títulos da PT começassem a negociação bolsista nos 10€, sendo que no dia anterior estava a 8,22€, no entanto entretanto a PT negoceia nos 9,68€. As acções da Sonae SGPS foram suspensas no início da sessão e estão de momento a 1,14€, 5 cêntimos abaixo do fecho de ontem. As acções da Sonaecom (empresa do grupo Sonae para a área de telecomunicações e multimédia, precisamente a área da PT, o que leva a que alguns analistas questionem quem está efectivamente por trás do negócio, inclusivé porque o comunicado foi assinado pelas duas empresas) e da PT Multimédia também estavam suspensas no início da sessão, tendo sido entretanto repostas à negociação estando actualmente cotadas nos 3,47 e 9,74€, respectivamente, o que corresponde a dizer que ambas as empresas já estão acima do valor da OPA (a PT Multimédia fechou ontem a 9,52€).