3 de abril de 2007

Tradução do comunicado do Benfica

O Benfica emitiu ontem um comunicado ontem acerca dos incidentes do jogo contra o Porto, aquando do lançamento de petardos por parte das claques do Porto.

O comunicado foi este:

1. Por razões de segurança e com o objectivo único de assegurar a ordem pública e em face da necessidade de compatibilizar as disposições impostas pelo Regulamento de Competições da Liga e bem assim a legislação ao caso aplicável, o SL Benfica viu-se na contingência de ceder ao Futebol Clube do Porto 3.284 bilhetes para a Bancada Coca-Cola, Piso 3.

2. Esta decisão foi concertada com as forças de segurança que, por isso, estavam previamente informadas do sector específico então reservado aos adeptos do FC Porto, sem que tenha sido suscitada qualquer reserva a esta opção, insiste-se, necessária à luz da regulamentação desportiva e legislação em vigor.

3. Este sector está dotado de meios de acesso exclusivo e em condições que permitem a rápida intervenção dos elementos de segurança e em local oposto àquele onde se situavam as claques e grupos de apoiantes organizados do SL Benfica.

4. Só após decisão concertada com as autoridades policiais, e depois de o SL Benfica ter decidido suprimir 1.316 lugares com vista a criar um “bolsa de segurança” em torno dos adeptos da equipa visitante, procedeu-se ao envio de todos os bilhetes regulamentarmente solicitados pelo FC Porto.

5. Estes bilhetes foram colocados à venda pelo FC Porto nos termos e condições a que o SL Benfica é, obviamente, alheio.

6. A opção tomada é exactamente igual àquela que vem sendo adoptada, com inexorável sucesso, nos jogos realizados no âmbito da Taça UEFA e da Liga dos Campeões. São disso um flagrante exemplo os jogos recentemente realizados com o Manchester United, Liverpool e Celtic, com uma afluência de adeptos destas equipas em número significativamente superior.

7. Impõe-se ainda recordar as inúmeras intervenções de todos os responsáveis do SL Benfica, jogadores e treinadores que, de forma preventiva e pedagógica, foram apelando ao respeito pelos valores que sobrelevassem e prestigiassem o espectáculo, a ética desportiva e o fair-play.

8. Convém ainda esclarecer que não se verificaram quaisquer incidentes entre claques no recinto desportivo, sendo de enaltecer o comportamento exemplar dos adeptos do SL Benfica ao longo de toda a partida, mesmo quando provocados ou perante um resultado adverso.

9. Sempre determinado em garantir todas as condições de segurança, o SL Benfica destacou para o sector destinado exclusivamente aos adeptos do FC Porto um número significativo (130) de Assistentes de Recinto Desportivo (vg. Stewards), que foram ainda acompanhados por uma “linha de segurança” integrada por elementos das autoridades policiais.

10. A revista dos adeptos não é, nos termos da legislação aplicável, uma responsabilidade do SL Benfica (v. Lei n.º 16/2004, Portaria n.º 1522-B/2002 e Portaria n.º 1522-C/2002 de 20 de Dezembro).

11. Não pode, assim, o SL Benfica ser minimamente responsabilizado pelos incidentes verificados, antes os lamenta e dos mesmos dará conhecimento detalhado às entidades competentes. Nesse sentido, irá solicitar de imediato uma audiência ao Conselho Nacional contra a Violência no Desporto (CNVD) e Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

12. O SL Benfica não irá, assim, pactuar com qualquer tipo de branqueamento e desculpabilização dos verdadeiros responsáveis por tão ignóbeis actos de vandalismo.

13. Esta posição visa unicamente clarificar os incidentes ontem verificados e não fomentar qualquer ambiente de hostilização.

14. O SL Benfica aproveita para agradecer uma vez mais todo o apoio dispensado pelos seus sócios, adeptos e simpatizantes à nossa equipa de futebol, esperando que o mesmo se mantenha nesta fase decisiva da época.
Traduzindo, foi isto que queriam dizer:
1. Para que as coisas não corressem mal, e porque a lei nos manda fazê-lo, vendemos mais de 3000 bilhetes às claques do Porto.

2. A polícia sabia para onde é que as claques do Porto iam e não disse nada contra.

3. O sítio é bom porque os adeptos podem chegar lá sem que se envolvam com outros adeptos, e porque podem ter a polícia rapidamente em cima deles, se for preciso.

4. Falámos mais uma vez com a polícia, ficámos sem 1500 lugares para venda e só depois é que enviámos ao Porto os bilhetes.

5. O Porto vendeu os bilhetes como bem entendeu e sem nos dar cavaco sobre a forma, nem tínhamos nada a ver com isso.

6. Para os jogos da UEFA e da Champions os lugares ocupados pelos adeptos adversários foi aquele mesmo sítios, e sem quaisquer problemas. São exemplo os adeptos do Manchester United e do Celtic, até com mais adeptos e tudo, e estes portaram-se bem.

7. Nós, direcção, jogadores e treinadores, apelámos a que todos se portassem com fair-play.

8. Não houve confrontos entre adeptos adversários dentro do estádio. E as nossas claques não responderam, mesmo insultados.

9. Mandámos para a zona exclusiva para adeptos do Porto 130 Stewards, "protegidos" pela bófia.

10. A lei diz que a revista dos adeptos não é nossa responsabilidade.

11. O Benfica não pode ser responsabilizado pelo que aconteceu. Vamos falar com a Liga e uns gajos contra a violência no desporto.

12. Não vamos pactuar com a desresponsabilização dos verdadeiros culpados: adeptos e claques do Porto, além da polícia e quem fez a revista dos adeptos.

13. Só lançámos este comunicado para esclarecer e não para incendiar os ânimos.

14. O Benfica aproveita para agradecer aos bons benfiquistas pelo seu apoio ao clube e espera que nos continuem a apoiar neste final de época, rumo ao título.
Após esta tradução, restam dúvidas acerca de quem são os culpados?

Nota: o Porto também emitiu um comunicado, mas depois desta tradução nem vale a pena passá-lo aqui. Se quiserem conhecê-lo, procurem.

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