24 de junho de 2006

Sobre Ponte de Lima

Creio que ainda não fiz um único post sobre a terra onde vivo, Ponte de Lima. Nesta altura em que o mundial domina as atenções dos noticiários e jornais portugueses, principalmente nos dias antes e depois dos jogos, mas também de outros países, creio que é altura de falar de outras coisas. Eu próprio me auto-condeno por, desde o início do mundial ter apenas feito postagens exclusivamente sobre o futebol ou o mundial da Alemanha.
Ponte de Lima tem vivido politica e socialmente tempos atribulados. Para os que não conhecem a história completa, fica um resumo daquilo que tenho acompanhado. Diga-se a título de crédito, que muito do acompanhamento tem sido feito através do blog www.pontelima.blogspot.com.

No ano passado um grupo brasileiro, a Cobra Software, anunciou que iria criar um cluster tecnológico de desenvolvimento de software, com o objectivo de lançar-se na Europa, tendo tal cluster como base uma fábrica que iria nascer em, adivinhe-se, Ponte de Lima.
Outro dos assuntos que tem dominado a actualidade começou, por volta do início deste ano, quando o grupo sueco Ikea fez o anúncio de que iria construir uma fábrica de móveis, em Ponte de Lima. Foi, inclusivamente, assinado um protocolo entre a Câmara Municipal de Ponte de Lima, a Ikea e o estado português, na pessoa do próprio Primeiro-ministro, José Sócrates. Curiosamente estávamos em campanha presidencial e o candidato apoiado pelo partido do Sócrates, o octagenário Mário Soares, andava por esta zona... Mais tarde veio-se a saber que, afinal, Ponte de Lima era um dos candidatos entre cerca de 20.
O assunto que mais tem dominado a actualidade de Ponte de Lima foi o anúncio do encerramento das urgências, e de outros serviços, do hospital de Ponte de Lima. Dado tratar-se de um serviço que serve, além do concelho de Ponte de Lima, outros concelhos do distrito de Viana do Castelo, que têm Ponte de Lima 20 e tal kilómetros mais perto do que a sede do distrito, Viana do Castelo, todos os partidos representados na Assembleia Municipal uniram-se para lutar contra o encerramento deste serviço de atendimento. Veio-se a descobrir que um dos principais motivos do encerramento do serviço não era a qualidade do atendimento, mas as condições das instalações. Acontece que, pelos vistos, seria possível, após algumas obras notoriamente necessárias, o hospital teria as condições para ter o seu serviço de urgências a funcionar em condições dignas. Esta decisão enquadra-se no enceramento de serviços que o ministério da Saúde tem vindo a efectuar recentemente. Parece que caso este serviço de Ponte de Lima encerrasse, apenas restaria o de Viana. Para Ponte de Lima a distância é razoável, servida por uma via rápida a partir de algumas zonas perto da sede do concelho, mas uma urgência é sempre uma urgência, há obras a decorrerem na EN203 que liga Ponte de Lima a Darque, e é uma alternativa para chegar a Viana, o que não ajuda a que a viagem não se faça em condições, se necessário. Por outro lado, concelhos como Paredes de Coura e Arcos de Valdevez ficam a 40 ou 50km da urgência, e outros como Caminha ou Valença ficam com a urgência mais próxima em Espanha. Até algumas freguesias e zonas do concelho teriam um hospital mais perto noutro distrito, como Anais (servida pela A3). Resta dizer que as urgências mais graves já eram encaminhadas para Viana ou o Porto, embora passando por Ponte de Lima, se fosse necessário. Vamos ver o que vai acontecer, esperando que não morra ninguém com este processo, tal como poderá já ter acontecido com o encerramento da maternidade de Elvas, em que um bebé morreu em Espanha.

Voltando ao caso da Ikea, um episódio recente, no mês de Maio, veio mostrar que a assinatura do protocolo que foi feita em Ponte de Lima não mostrava tudo. O que aconteceu foi que a Ikea veio anunciar que agora restavam apenas 3 hipóteses para a construção da fábrica, e nenhuma era Ponte de Lima. Afinal não era certo que a fábrica iria ser construída em Ponte de Lima? Já se suspeitava que tal podia não acontecer, o que veio a mostrar-se verdade. Mais um investimento que foge do distrito.

O caso da Cobra ainda é mais obscuro. Pouco ou nada se sabe, vão aparecendo algumas notícias, umas vindas do Brasil, outras não, mas levam a crer que a Cobra quer fugir de Ponte de Lima e abrir o seu laboratório/cluster/fábrica de software noutro sítio, tal como notícias de viagens do presidente da Câmara ao Brasil, das quais não se sabem resultados... Talvez Braga, denominada por alguns de "silicon Valey portuguesa", sendo servida pelo departamento de Informática da Universidade do Minho, ligado à Escola de Engenharia da mesma universidade, onde ando a tirar o meu curso de LESI, venha a acolher este cluster.

Sei que a postagem vai longa, pelo que a termino por aqui, mas assim falei de alguns assuntos que me têm interessado, nomeadamente o caso da Cobra, que mais está ligado a mim, por poder ser uma oportunidade de trabalho em Ponte de Lima. Pelos vistos a única que poderia encontrar nesta zona.

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Nuno Pereira disse...

A quem me pediu o nome do director do Hospital, remeto mais informações para http://www.arsnorte.min-saude.pt/ch_alto_minho.htm